(Traduzido por Roberto Samartim.)
O Curricán é o nome que os marinheiros da Corunha dão à Corrente do Golfo, ou Gulf Stream, tal como conta Emilio González López no seu ensaio Las fronteras marítimas atlánticas de Galicia (p. 9):
As comunicações da Galiza com os povos do Atlântico Norte não são apenas facilitadas pela rapidez das marítimas, que não tem outro obstáculo que o mau tempo, mas também pelas correntes marítimas, como a Grande Corrente do Golfo, O Curricán na nossa língua galega (…)
Se somos o que somos:
atlânticos, milesianos
vizinho do Poente
é porque o mar se move
silente e poderoso
em eterno retorno
contínuo e devagar
do Sul até o Norte
confinando Bóreas
em seu quartel de inverno.
Cu-rri-cán
Cu-rri-cán
Cu-rri-cán
Cu-rri-cán
Não somos o que fomos
para fingir potência
hominídeos absurdos
renegamos de Gaia:
inscrita no Cadastro
temos a Terra toda,
e paramos o mar
e sujamos o ar
graças à nossa técnica
cheia de bugigangas
Cu-rri-cán
Cu-rri-cán
Cu-rri-cán
Cu-rri-cán
Preciso da vossa ação
ou melhor, da vossa renúncia
a fazer o que ordenam
nossos inimigos
para que o mar não pare
e volte o pai inverno
depois de um ocre outono
e dancem as abelhas
e chova no asfalto.
Cu-rri-cán
Cu-rri-cán
Cu-rri-cán
Cu-rri-cán
Que morra entre estertores
qualquer um que não permita
que volte o Curricán!
Cu-rri-cán
Cu-rri-cán
Cu-rri-cán
Cu-rri-cán
Que dancem as baleias
para moverem o oceano
e flua o Curricán!
Cu-rri-cán
Cu-rri-cán
Cu-rri-cán
Cu-rri-cán
Que a vida e a alegria
se espalhem pelo cosmos
ao som do Curricán!
Cu-rri-cán
Cu-rri-cán
Cu-rri-cán
Cu-rri-cán